quinta-feira, 21 de maio de 2015

O Cacau Caiu 1/3 - Histórias de um passado "presente"

   Nossa Mãe, e até hoje Chove!  E novas tragedias vão acontecendo. Na verdade de novas, somente as datas, porque os eventos se repetem com uma frequência indigesta. 

   É de conhecimento popular que nossa cidade não tem estrutura para suportar fortes chuvas, ou tempos chuvosos prolongados.

   Existem documentos datados de 1700, 1800 até a atualidade, que confirmam com riqueza de detalhes que nunca estivemos preparados para tais eventualidades climáticas.  

   Deixo um trecho de um texto de Zé de Jesus Barrêto, publicado no jornal A Tarde de 16 de abril de 2010, relevante, crítico e atual. 

O cacau tá caindo!
E a cidade veio abaixo

.texto de Zédejesusbarrêto
(especial para o Jeito Baiano)

‘O cacau vai cair’, dizia o baiano nos meus tempos de infância, morador do Lobato.
O ‘cacau’, na verdade, era a pirambeira de mais de 60 metros que desce de São Caetano e bate lá em baixo à beira da linha do trem, onde, antigamente, chegava a maré dos alagados. A ribanceira, de cima a baixo, começou a ser ocupada desordenadamente pelos mais pobres desde a década de 50 e, a cada outono de chuvas, meia banda de morro descia (e desce lá e acolá)) levando casebres e ceifando vidas. Então, a expressão ‘o cacau desceu’ virou sinônimo de tempestade com desastres urbanos na nossa velha e perigosa cidade.
Conhecemos bem as chuvas de março/abril em Salvador e seus estragos. Isso é do tempo de Thomé de Souza. Piora a cada ano em virtude das construções irregulares permitidas nas encostas e baixadas, pela falta de manutenção, carência de uma campanha sistemática e contínua de limpeza pública, de cuidados com canais e bocas de lobo em ‘operações chuva’ que devem ser feitas três meses antes de as chuvas caírem etc e tal …
Tudo bem sabido por todos, mas sempre desprezado pelos ‘chefes’ de plantão de todos os matizes politiqueiros, em toda a região metropolitana (pra gente se ater às nossas proximidades e urgências).(...)

Relembre as grandes tragédias

1º de junho de 1995 Temporais causaram o deslizamento de uma encosta no Arraial do Retiro, deixando 30 mortos e cerca de 300 desabrigados.

2 de junho de 1995 Chuva repete tragédia em Caja City: naquela sexta-feira, um deslizamento de terra na invasão Sílvio Leal, em Cajazeira 6, deixou 16 mortos e mais de 70 famílias desabrigadas.

19 de maio de 1989 As fortes chuvas provocaram deslizamentos de terra em vários bairros de Salvador. Houve seis mortes no Lobato, nove na Baixa do Cacau e três em campinas de Pirajá. Uma criança morreu na invasão Paraíso (antigo Pela Porco) e duas na invasão Nova Divinéia, entre IAPI e San Martin.

21 de maio de 1989 Acidentes causados pela chuva deixaram 71 mortos. Do total, 26 foram vítimas do desabamento do Motel Mustang, na Suburbana. O bairro com o maior número de vítimas foi o Lobato (36, incluindo as 26 do Mustang), seguido por Campinas de Pirajá (12) e Canabrava (6).

Três raios no mesmo lugar

   A tragédia deste ano foi a terceira em Barro Branco, nas últimas quatro décadas. Há 19 anos, em 21 de abril de 1996, 22 pessoas morrem - 15 crianças, três mulheres e quatro homens -, após um deslizamento de terra no Morro do Morumbi, que carregou um prédio de três andares da Av. Boa Vista, no Alto do Peru. O acidente soterrou cinco casas e danificou outras 15, deixando centenas de desabrigados. A maioria das vítimas estava dormindo. A localidade, considerada há muito tempo de altíssimo risco, foi palco de outra tragédia 25 anos antes, em 1971, quando cinco pessoas morreram.

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