Em 29 de maio de 1906, o Campo da Pólvora assistiu o último jogo do campeonato e já no ano seguinte a Liga transferia o certame para o Ground do Rio Vermelho, na Fonte do Boi, inaugurado em 2 de junho de 1907, com entradas pagas. Foi um Deus nos acuda para a população aceitar as novas regras: pagar para ver o jogo da bola. E muito trabalho para se deslocar de bonde, já que o lugar era bem distante do centro.
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Hipódromo do Rio Vermelho |
“o campo oficial de futebol era aqui no Rio Vermelho, a Liga Bahiana de Desportos Terrestres, e os campeonatos eram disputados aqui. Nessa época, no dia do jogo, o bairro se enchia de gente, os torcedores. Os clubes campeões daquele tempo eram o Ipiranga e o Botafogo…”.
Depoimento da Prof. Stella Calmo Teixeira no livro Rio Vermelho: projeto histórico dos bairros de Salvador. Salvador: FUNCEB, 1988.
O campo do Rio Vermelho passou a ser o campo oficial e um dos cinco autorizados pela prefeitura para a prática do esporte. Os outros eram o da Pólvora, já referido, e os da Quinta da Barra, Largo do Barbalho e Largo do Papagaio. O campo do Rio Vermelho padecia dos mesmos problemas que o da Praça dos Mártires: as pessoas atravessavam o espaço em pleno jogo; sempre tinha alguem mais agitado que dava uns empurrões no juiz e não tinha onde sentar; quem queria conforto tinha de trazer a cadeira de casa, numa carroça de burro; enfrentavam a inclemência do sol com os chapéus, de hábito na indumentária dos baianos daquele tempo, e sombrinhas improvissadas em especial para as mulheres.
Desta forma e sob esta condição, o futebol segue sendo no Rio Vermelho até que veio
“uma crise inevitável do foot-ball, crise esta que só pôde ser atribuída aos meios deficientes de condução para o Rio Vermelho, que motivaram aos poucos, o empalidecimento da estrela do foot-ball (GAMA, 1923, p. 320)”.
Reforçando o que pareceu ser o pior problema do futebol no Rio Vermelho, Leal (2002) demonstra que
“a cidade se espalhava, havia necessidade de se construir um campo de foot-ball mais próximo do centro para satisfazer a todos os soteropolitanos, já que o esporte bretão tinha crescido acentuadamente e os bondes chegavam ao Rio Vermelho lotados (p. 185).”
Mesmo com a mudança do futebol para outro espaço, o Rio Vermelho continuou a ser importante para este esporte, pois, vários clubes passaram ou tiveram sede no bairro e destes, destacamos o Botafogo (1914) e o Ipiranga (1906) que usavam campos no Rio Vermelho.
Muitos anos depois, em 1919, os baianos teriam de fato um campo de qualidade. o “Stadium” da Graça, construido em terreno e por iniciativa do ex-jogador do Esporte Clube Vitória Arthur Moraes, mas isso já foi contado em outra postagem.
Referências:
https://historiadoesporte.wordpress.com/2009/11/23/rio-vermelho-um-arrabalde-esportivo-nas-terras-de-salvador/
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2012/08/27/os-primeiros-campos-de-futebol-de-salvador/
Revista Artes e Artistas: sports, theatro, humorismo e cinema, Ano IV, n. 150, Seção Sportivas, p. 150
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