ilustração de Arnoldus Montanus, de 1671 |
Creditada aos holandeses, que teriam construído o dique na primeira invasão a Salvador, é contestada pelo Professor Cid Teixeira que afirma que a construção dos holandeses não foi o Dique do Tororó. “Para evitar a invasão, os “holandeses” fecharam o rio das Tripas, a vala da cidade, na altura da que é hoje a igreja de Santana, alagando toda a região até a Barroquinha
Esse que é o dique feito pelos “holandeses”, não é o Dique do Tororó.” Essa versão parece se confirmar no relato do livro Memórias históricas e políticas da Bahia de Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva que relata em nota que o dique fora construído por Vandorth no lado oriental da cidade na tentativa do general de aumentar as defesas da cidade represando o rio das Tripas.
No final do post, falarei um pouco mais sobre esse Dique Neerlandês de Salvador.
Tudo indica que a construção do dique do Tororó foi realizada pelos governos gerais entre o final do século XVII e meados do século XVIII para complementação das defesas da cidade de Salvador. A origem do nome do dique tem vem no barulho forte das águas que desciam de duas saídas do dique em direção ao norte da cidade para o Rio das Tripas, e para o sul em direção ao Rio Lucaia. Durante o período colonial, o dique do Tororó abastecia a população de salvador.
Ainda de acordo com o professor Cid Teixeira o dique era muito maior, até o século XIX era possível a navegação desde a Concha Acústica, atravessando o Vale dos Barris até chegar à Tribuna da Bahia e ingressar no que atualmente resta do dique. Sabe-se ainda que o primitivo dique era na verdade uma ampliação do dique de defesa da cidade alta, execução essa realizada durante o governo do Vice-rei D. Vasco Fernandes César de Meneses dentro de um plano de fortificação da cidade de Salvador.
Um projeto de urbanização da cidade realizado na segunda
metade do século XIX deu nova direção às águas dos lagos e brejos aterrando todo o alagadiço que vinha desde o Rio das tripas, passando pela Rua da Vala, atual Baixa dos Sapateiros, ligando-se ao Dique do Tororó por onde passa hoje a Avenida Djalma Dutra. Esse aterro permitiu mesmo que precariamente o acesso ao Rio Vermelho.
Dique Neerlandês de Salvador
Esta estrutura, com função defensiva, encontra-se relacionada por BARRETTO (1958), que reporta ter sido erguida por forças neerlandesas no contexto da primeira das Invasões holandesas do Brasil (1624-1625), para defesa complementar do limite norte de Salvador, então capital do Estado do Brasil. Para esse fim foram represadas as águas dos vales nas proximidades do Convento de São Francisco, nomeadamente as do rio das Tripas.
Encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho ("Planta da Restituição da Bahia", 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro). Era defendido, no seu braço superior, pelo Fortim Camarão (BARRETTO, 1958:180).
Com o final do conflito e o desenvolvimento urbano da cidade, esse dique deixou de existir, sendo desde então as águas canalizadas pela antiga rua da Vala, atual Baixa do Sapateiro
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