sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Pegando um baba 3/3 - Campo de Rio Vermelho



Em 29 de maio de 1906, o Campo da Pólvora assistiu o último jogo do campeonato e já no ano seguinte a Liga transferia o certame para o Ground do Rio Vermelho, na Fonte do Boi, inaugurado em 2 de junho de 1907, com entradas pagas. Foi um Deus nos acuda para a população aceitar as novas regras: pagar para ver o jogo da bola. E muito trabalho para se deslocar de bonde, já que o lugar era bem distante do centro.

Hipódromo do Rio Vermelho
No Rio Vermelho o futebol foi praticado nos mesmos espaços onde havia se dado o turfe, ou seja, ainda não possuía um espaço especifico se valendo da adaptação de outros para acontecer, o que denota sua característica de esporte ainda em fase de organização na cidade de Salvador, mas mesmo assim, experimentou tempos gloriosos.

“o campo oficial de futebol era aqui no Rio Vermelho, a Liga Bahiana de Desportos Terrestres, e os campeonatos eram disputados aqui. Nessa época, no dia do jogo, o bairro se enchia de gente, os torcedores. Os clubes campeões daquele tempo eram o Ipiranga e o Botafogo…”.

Depoimento da Prof. Stella Calmo Teixeira no livro Rio Vermelho: projeto histórico dos bairros de Salvador. Salvador: FUNCEB, 1988.

O campo do Rio Vermelho passou a ser o campo oficial e um dos cinco autorizados pela prefeitura para a prática do esporte. Os outros eram o da Pólvora, já referido, e os da Quinta da Barra, Largo do Barbalho e Largo do Papagaio. O campo do Rio Vermelho padecia dos mesmos problemas que o da Praça dos Mártires: as pessoas atravessavam o espaço em pleno jogo; sempre tinha alguem mais agitado que dava uns empurrões no juiz e não tinha onde sentar; quem queria conforto tinha de trazer a cadeira de casa, numa carroça de burro; enfrentavam a inclemência do sol com os chapéus, de hábito na indumentária dos baianos daquele tempo, e sombrinhas improvissadas em especial para as mulheres.


Desta forma e sob esta condição, o futebol segue sendo no Rio Vermelho até que veio

“uma crise inevitável do foot-ball, crise esta que só pôde ser atribuída aos meios deficientes de condução para o Rio Vermelho, que motivaram aos poucos, o empalidecimento da estrela do foot-ball (GAMA, 1923, p. 320)”. 

Reforçando o que pareceu ser o pior problema do futebol no Rio Vermelho, Leal (2002) demonstra que 

“a cidade se espalhava, havia necessidade de se construir um campo de foot-ball mais próximo do centro para satisfazer a todos os soteropolitanos, já que o esporte bretão tinha crescido acentuadamente e os bondes chegavam ao Rio Vermelho lotados (p. 185).” 

Mesmo com a mudança do futebol para outro espaço, o Rio Vermelho continuou a ser importante para este esporte, pois, vários clubes passaram ou tiveram sede no bairro e destes, destacamos o Botafogo (1914) e o Ipiranga (1906) que usavam campos no Rio Vermelho.

Muitos anos depois, em 1919, os baianos teriam de fato um campo de qualidade. o “Stadium” da Graça, construido em terreno e por iniciativa do ex-jogador do Esporte Clube Vitória Arthur Moraes, mas isso já foi contado em outra postagem.

Referências:
https://historiadoesporte.wordpress.com/2009/11/23/rio-vermelho-um-arrabalde-esportivo-nas-terras-de-salvador/
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2012/08/27/os-primeiros-campos-de-futebol-de-salvador/
Revista Artes e Artistas: sports, theatro, humorismo e cinema, Ano IV, n. 150, Seção Sportivas, p. 150

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